O DILEMA DO VIAJANTE
Em uma viagem duas pessoas têm seus pertences (idênticos) danificados pela empresa aérea, querendo compensar a perda de seus clientes a empresa se prontificou a reembolsá-los. Entretanto o gerente logo percebeu que estava em apuros, pois não fazia idéia de quanto custavam aqueles objetos raros.Se perguntar o valor aos viajantes, pensa ele, certamente irão inflacioná-los. Então ele pede para que os viajantes anotem separadamente um valor inteiro entre 2 e 100. Se os valores forem iguais ele aceitará o valor como sendo a quantia correta. Se os valores forem diferentes o gerente aceitará o menor valor como o verdadeiro e pagará uma bonificação de dois dólares pela honestidade, já para quem escolher o maior valor sobrará uma punição de dois dólares em cima do menor valor. Que valor você marcaria?
Este é um típico cenário de jogo no qual foi dado o nome de “O Dilema do Viajante” (DV) pelo professor Kaushik Basu emérito de estudos internacionais e diretor do Centro de Economia Analítica da Cornell University. O DV vem com o objetivo de confrontar a visão estreita entre o comportamento racional e os processos cognitivos, destacar o paradoxo lógico da racionalidade, entre outros. O Dilema do Viajante atinge esse objetivo porque a lógica do jogo estabelece que dois é a melhor opção, ainda que muitas pessoas prefiram um numero próximo de 100.
Para entender melhor pense em uma linha de raciocínio em que o primeiro valor que vem a cabeça é o maior, ou seja, 100 dólares. Com um pouco mais de raciocínio você logo concluiria que o outro passageiro também teria esse pensamento, mudando seu valor para 99, pois assim ganharia 101 contra 97 do outro passageiro, e assim sucessivamente os dois iriam diminuindo seus valores ate chegarem no menor valor possível:2. É esse o valor que a lógica nos leva (por mais estranho que isso possa parecer), é algo como:eu sei que você sabe que eu sei….
Os especialistas analisam os jogos recorrendo a uma matriz de compensação(ganho ou perda do jogador em função de sua jogada), e ao estudá-la baseiam-se no “Equilíbrio de Nash” que leva ao melhor resultado que o jogador pode atingir independente de qual numero o outro jogador escolherá. O DV tem apenas um equilíbrio de Nash – o resultado (2,2).
Uma experiência com dinheiro vivo e tendo como jogadores estudantes de economia, foi feita em laboratório na University of Virginia. A experiência confirmou a expectativa intuitiva de que o jogador médio não apostaria na estratégia do equilíbrio de Nash, confirmou também que quando a recompensa e penalidades eram aumentadas as jogadas ficavam cada fez mais próximas do equilíbrio de Nash. Interessante também são os processos cognitivos que estão por traz destas decisões.
Apesar do nome O Dilema do Viajante (DV) não pode ser realmente considerado um dilema. Os participantes encontram um valor predominante, 2, independente do que o outro possa escolher. No caso da versão completa do DV não há opção dominante.
Na ultima década vários cientistas realizaram experiências com o DV com implicações em situações do dia-dia.Muitas dessas chegam a paradoxos que estão tirando o sono de pesquisadores.
• Bibliografia: Scientific American-julho de 2007.
- Links
- Teoria dos Jogos(jogos e probabilidade) Página wiki de Gledson Luiz Picharski.